O Brasil vivencia uma crise social alarmante: um aumento de 25% na população em situação de rua foi registrado entre dezembro de 2023 e dezembro de 2024, conforme dados do Observatório Brasileiro de Políticas Públicas para a População em Situação de Rua (OBPopRua/POLOS-UFMG). Esse crescimento eleva o número de pessoas nessa condição de 261.653 para 327.925, evidenciando a ausência de políticas públicas eficazes que integrem habitação, emprego e educação como pilares estruturantes.
Desde 2013, quando havia apenas 22.922 pessoas vivendo nas ruas, o aumento foi 14 vezes maior, revelando a ampliação contínua da vulnerabilidade social frente a respostas governamentais insuficientes.
São Paulo no epicentro da crise
Com 139.799 pessoas em situação de rua, São Paulo desponta como o estado mais afetado, apresentando um aumento de 30% em comparação ao ano anterior. Em contrapartida, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aponta a existência de cerca de 590 mil imóveis desocupados no estado. “Se esses imóveis fossem convertidos em moradias populares, resolveríamos grande parte do problema”, criticou Robson Mendonça, ativista em defesa dos direitos das pessoas em situação de rua.
Outros estados também enfrentam situações críticas: o Rio de Janeiro e Minas Gerais contabilizam 30.801 e 30.244 pessoas em situação de rua, respectivamente, ampliando o desafio nacional.
A educação como barreira
Além do desafio habitacional, a precariedade na educação é outro fator que aprofunda essa crise. Cerca de 70% das pessoas em situação de rua não concluíram o ensino fundamental, reduzindo significativamente suas chances de inserção no mercado de trabalho formal.
Propostas e soluções possíveis
Especialistas reforçam a necessidade de ações abrangentes para combater o problema. André Dias, coordenador do levantamento, alerta que a criação de moradias populares, aliada a estímulos à educação e ao emprego, são medidas indispensáveis. “Sem moradia, trabalho e educação, esse número continuará a crescer”, declarou.
Base científica e estudos complementares
Pesquisas internacionais corroboram a correlação entre habitação segura e a redução da vulnerabilidade social. Segundo estudo publicado pelo Journal of Urban Affairs, programas habitacionais que priorizam moradia permanente para pessoas em situação de rua têm uma taxa de sucesso de reintegração superior a 85%, além de reduzir custos com saúde e segurança pública.
A integração de políticas habitacionais, educação e geração de emprego não é apenas uma necessidade social, mas também uma estratégia econômica eficaz para enfrentar o aumento dessa população no Brasil.