Amanheci realizando uma breve e superficial pesquisa. Me perdoem os biólogos que leem meus artigos, todavia terei de braquiar como os macacos neste cenário.
Sou fã de analogias e parábolas, logo parto para uma delas e as que reiteradas vezes fazem sentido, são os paralelos entre sociedade e nossa gênese, a natureza. Deste modo, iniciamos imaginando um cenário.
Peço a gentileza de que o leitor ative sua imaginação e neste exato momento se veja dentro de uma floresta tropical. É possível imaginar a densa vegetação, as inúmeras árvores, o sol penetrando dentre as folhas, o som dos pássaros, o vento nas copas das árvores, o grito dos macaquinhos, o barulho de águas calmas, sem contar que você pode quase que realmente sentir o frescor do ar entrando nas suas narinas, bem como o cheiro de erva, de terra molhada.
Você olha à direita e à esquerda e nada de novidade, olha para trás e à frente, quando observa o que se assemelha a uma trilha. Então você decide enfrentar os arbustos e a vegetação fechada, rumo àquilo que se confirma ser uma trilha.
Seguindo-a chegamos a uma clareira formada por densas palmeiras (vamos usar este exemplo em homenagem ao maior vice de 2025 no futebol sulamericano). Voltando… Densas palmeiras com as copas se confundindo, formando um dossel, um teto extremamente fechado.
Ali temos claridade, mas nada de raio solar, há muito mais umidade, muitas samambaias, muitos musgos, bromélias e muita matéria orgânica em decomposição.
Assim o terreno político se apresentou ao longo das semanas. Dois cenários. Um com cipós, troncos caídos, várias camadas de vegetação tudo fechado, sem um caminho aparente, tudo entrelaçando-se e em outro cenário, altas palmeiras, com copas altas, e debaixo da sua sombra, um cenário com organismos organizados, mas calma porque eu vou esclarecer essa analogia.
Ao longo das últimas semanas vimos algumas notícias movimentando o noticiário político nacional. Desde a demonstração pública e notória de covardia e medo do ex-ministro do STF, Luis Roberto Barroso – meu covarde favorito – as movimentações foram ficando estranhas.
Ao surgir esta vaga na Suprema Corte, o pintcher Lula colocou a cabeça para fora e indicou o Advogado-Geral da União, Jorge Messias, para ocupar o trono vago. Esta indicação desagradou Alcolumbre e outros membros do sistema que desejavam a indicação de Rodrigo Pacheco.
Como fora contrariado, Alcolumbre logo marcou a sabatida do AGU interferindo até em uma tentativa de articulação do postulante, o que daria por certa sua rejeição e assentaria a derrota vexatória do Lula em sua desastrosa indicação.
Por medo da derrota, Lula não encaminhou ao Senado Federal a comunicação da sua indicação. Alcolumbre mostrou a que veio, dando um claro recado ao Poder Executivo: “Não sou menino e não sou presidente do Congresso Nacional por acaso, me respeite.” Como Lula entendeu o recado, Alcolumbre desmarcou a sabatina como se estivesse abrindo espaço ao diálogo, mas a varada já tinha sido dada.
Dias após esta situação, eis que surge mais uma inovação que ameaçaria prerrogativas do Congresso Nacional.
Pelo fato da Suprema Corte ser um covil de medrosos, o Ministro Gilmar Mendes motivado pelo medo, se antecipou aos eventuais e justíssimos pedidos de impedimentos – impeachment – de subdeuses do STF que hão de vir em uma futura legislatura a partir de 2027 e simplesmente arrancou a Constituição Federal grosseiramente das mãos do Presidente do Congresso Nacional, o Senador Davi Alcolumbre e defecou sobre a Carta Magna e outras leis associadas, dando poderes ao PGR e não mais a “todo comum” de apresentar pedido de Impeachment contra Ministros da Corte Suprema, criando uma verdadeira salada mista. Sobre este ponto específico não vou me ater para manter o foco.
Alcolumbre, retirou de sua baínha a vara que a pouco tinha “sovado o lombo” do Lula e enfrentou Mendes dizendo que apenas e tão somente o Poder Legislativo (ou seja, ele mesmo) poderia reverter algo relacionado à Lei do Impeachment, em seguida solicita parecer jurídico da Câmara e do Senado sobre decisão de Mendes, demosntrando com isso que não estava acatando a decisão de Gilmar.
Assim a artilharia foi posicionada e as movimentações e declarações não pararam, as manchetes trouxeram que Alcolumbre cogitou propor uma Emenda à Constituição para tratar do assunto, bem como deu carta branca para o avanço de propostas que tramitam no Senado que vão contra ministros do STF e dentre outras, parlamentares passaram a demonstrar apoio ao Presidente Alcolumbre.
Gilmar Mendes ao ver que o problema que poderia ser enfrentado em 2027 estava sendo antecipado para 2026 ou até mesmo para 2025, recuou em sua decisão desastrosa e viu Alcolumbre se agigantar diante de si dando claras evidências de que o Legislativo está vivo na queda de braço: independentes e harmoniosos, pero no mucho.
Lição dada: Lula (Poder Executivo) tomou uma varada para ficar esperto, mas ganhou um possível diálogo; Gilmar Mendes (Poder Judiciário) também sentiu o peso da vara pra lembrar que ele não dita as regras, mas lembrou também que caso se comporte bem, pode conquistar uma conversa no colo do Alcolumbre (Poder Legislativo).
Assim, Alcolumbre vai se igualando à Palmeira que vai crescendo fechando seu dossel, fazendo sobra a tudo e a todos que está em volta de si, sufocando quem gosta de brilho do sol e mantendo vivo sob si apenas aqueles que aceitam viver neste terreno sem muitos emaranhados, mas sabidamente cheios de musgos, umidade, sombra, frio.
Quem tolera a baixa luminosidade, vive. Quem quer sobreviver neste ambiente, tal qual uma samambaia, há de se agarrar nesta árvore poderosa sabendo que o que lhe resta é viver neste sub-bosque.
Para finalizar, Gilmar que não pense que esta movimentação foi acertada para propiciar acenos do Messias ao Legislativo, como visto. Não sei para vocês, mas na atual conjuntura, é preferível o Congresso Nacional dando os rumos, ao Judiciário ou o Executivo. Certo é que Alcolumbre parece estar observando tudo lá do alto.




























