“R$ 90 bilhões!” — gritam nos vídeos de TikTok. Só esqueceram de avisar que os tais 90 bi não foram roubados. Esse é o montante total de empréstimos consignados feitos por aposentados em 2023. Ou seja: é o bolo inteiro, não a fatia mordida.
O que está de fato sendo investigado é uma outra história: descontos indevidos aplicados por entidades “amigas” diretamente na folha de pagamento dos aposentados, muitas delas conveniadas lá na era Bolsonaro.
O rombo estimado gira em torno de R$ 8 bilhões, sim. É coisa pra chorar. Mas é bom lembrar que esse esquema não nasceu no governo atual. Ele vem de antes, foi nutrido sob o nariz de quem hoje posa de justiceiro.
O governo Lula, aliás, já foi obrigado a se mexer: cancelou o programa “Meu INSS Vale+”, suspendeu convênios, mandou investigar e anunciou o ressarcimento automático aos aposentados, obrigado pelo mínimo.
Mas aí vem o Nikolas Ferreira, esse personagem do marketing político digital, e faz o quê? Joga a real? Claro que não. Mistura dado com delírios. Enquanto isso, quem deveria ser investigado de verdade vai escapando pela tangente.
Vai ver é por isso que ele não incomoda tanto os caciques do Centrão, né? Porque, no fim, Nikolas é só um bonequinho de Olinda, colocado pra dançar enquanto os adultos metem a mão no cofre.
Ah, e antes que alguém diga que é exagero: não sou eu quem está dizendo que o irmão do Lula era vice de sindicato envolvido ou que o filho do Lewandowski prestou serviço a uma das entidades investigadas. Isso é fato, mas até o momento não há indícios de envolvimento direto deles. Só que basta um fio de fofoca pra virar corda de forca.
Por fim, se alguém aí acredita mesmo que a Previdência é só um banco onde velho se endivida pra comprar panela, acorda! Aposentadoria não é linha de crédito, é direito. E se tem banco e entidade ganhando em cima disso, tem que pagar — com juros e correção monetária. Não misturem caos com verdade pra gerar confusão. Não use medo pra mobilizar gente que nem pesquisa os fatos. E não disfarce falta de projeto com vídeo no feed.
A verdade é mais chata que um vídeo de 3 minutos, mas ainda vale a pena ser contada.