Imagine que o prefeito de Foz do Iguaçu fosse um funcionário seu. Um servidor contratado por você, contribuinte, pra fazer a cidade funcionar.
Agora imagine que, só entre janeiro e junho, ele tivesse te cobrado R$ 19.400 em diárias. Fora passagens. Fora reembolsos. Fora ‘ajustes’. Fora o que ainda nem apareceu no Portal da Transparência.
Você demitiria?
Pois é. Com esse valor, um trabalhador que ganha salário mínimo levaria exatos 13 meses e meio pra juntar, isso se conseguisse o feito hercúleo de não gastar um centavo no meio do caminho. Nem com arroz. Nem com aluguel. Nem com o Uber pra chegar no trampo.
Enquanto isso, o comandante da cidade se hospeda, viaja, recebe e, claro, ainda embolsa seu salário de R$ 24.600,00 por mês. Um custo que, em seis meses, soma R$ 147.600,00 — sem contar o cafezinho do gabinete ou os brindes institucionais.
Não, isso não é inveja. É indignação com um sistema que parece surdo ao barulho da panela vazia e cego diante da realidade de quem enfrenta fila de espera na saúde ou buraco na rua.
Mas o mais assustador nem é o gasto. É a naturalidade com que se gasta.
Foz do Iguaçu virou uma empresa onde o chefe recebe alto, viaja muito e entrega pouco, e o sócio majoritário (você) assiste calado, pagando a conta todo mês. Um modelo de gestão onde o trabalhador se aperta e o gestor se acomoda. Onde o povo vive de boletos, e a prefeitura, de diárias.
E pensar que chamam isso de serviço público.