Alguns dias já se passaram desde a operação da Polícia do Rio de Janeiro contra o Comando Vermelho. Tida como uma das mais letais da história do estado, ela gerou uma enxurrada de comentários — tanto favoráveis quanto contrários. É sobre eles — ou, mais precisamente, sobre seus autores — que vamos nos debruçar na crônica de hoje.
Antes de qualquer coisa, é preciso deixar claro: o Brasil não sofre apenas com a criminalidade. Esse estágio foi ultrapassado há décadas.
O problema atual é muito maior. Em algumas regiões, o país vive situações que poderiam ser classificadas como uma guerra civil.
As ações dessas organizações vão muito além da busca por lucro. Elas atuam como verdadeiros grupos terroristas — e é exatamente essa a palavra correta.
Esses grupos mostram sua natureza diariamente, não apenas no Rio. E o problema não se restringe a ele. Na Bahia — estado governado pelo PT há anos — o poder público se humilha diante do crime a ponto de oferecer viaturas policiais para que moradores expulsos de suas casas por traficantes possam se mudar com segurança.
Em qualquer país sério, haveria intervenção federal e destituição imediata do governador. Mas aqui, no circo chamado Brasil, seguimos fingindo normalidade.
Voltando ao Rio, não dá pra dizer que “continua lindo”, diante da realidade que os moradores enfrentam.
O tal “Estado Soberano”, tão exaltado por uma corja de militantes ignorantes, foi recebido não com flores, mas com drones adaptados para lançarem granadas contra policiais. Somente em fuzis, foram apreendidos quase cem, além de outros armamentos pesados.
Estima-se que existam mais de cinco mil barricadas no Rio — verdadeiras muralhas de concreto que impedem a polícia de subir e os moradores de descer. O resultado: ambulâncias não chegam, carros não passam, e o cidadão vive refém.
Mesmo assim, ainda há quem chame esses terroristas de “vítimas da sociedade”. Ora, está claro que a sociedade é a verdadeira vítima dessa história.
E essa mesma sociedade aprova o enfrentamento firme contra o crime, ainda que saiba que, às vezes, inocentes possam sofrer. O morador da favela entende o que é viver sob o jugo do tráfico. Sabe que, embora o remédio seja amargo, a doença é letal.
Pesquisa recente da AtlasIntel mostra que 88% dos moradores de favelas apoiaram a operação — justamente aqueles que, em tese, têm o tão falado “lugar de fala”.
Enquanto isso, nos condomínios de luxo, nos bairros seguros , higienizados e embranquecidos dos bons militantes e “playboys”, o discurso é outro. Dizem que tudo foi um absurdo.
Alguns dos “especialistas de escritório” chegaram a afirmar que os bandidos com fuzis poderiam ser rendidos com pedras. Não haveria “necessidade” do uso de “tamanha força” contra quem soltou granadas contra a polícia.
O que o país precisa, mais do que nunca, é refletir sobre tudo isso. Estamos perigosamente próximos de nos tornar um narcoestado, como alguns dos nossos vizinhos latino-americanos.
Está claro quais são as visões de mundo apresentadas por um lado, e por outro, no campo das ideias e da política: o que alimenta o caos e o que tenta restaurar a ordem.
Devemos insistir no modelo que afunda o Brasil em criminalidade, ou teremos coragem de mudar radicalmente nossa mentalidade cultural, para enfim enfrentar — e vencer — o crime organizado?
Brasil soberano? Só quando nenhuma organização criminosa tiver sequer um metro quadrado de território deste país.






































