Foz do Iguaçu, cidade onde o iguaçuense aprende cedo que nem toda água é limpa — e nem toda nomeação é clara. A nova titular da Secretaria da Mulher chegou chegando: Scheila Melo, um nome que já carrega mais manchetes do que promessas. Farda passada, currículo inflado, e aquele jeitinho de quem diz “sororidade” como quem recita salmo.
Mas e aí, minha leitora — e meu leitor também, que vive de coadjuvante nessa pauta — o que realmente esperamos de uma Secretaria da Mulher?
Porque o que recebemos, até agora, é um pacote completo: militar da reserva, advogada, pós-graduada, fundadora de ONG, e entusiasta de frases de impacto. Uma daquelas que entra na roda de conversa com um “mulher pode tudo” e sai antes da discussão sobre creche, saúde básica ou violência doméstica.
Dá licença, mas empoderamento de verdade não usa salto alto e filtro de Instagram. Ele pisa no barro, entra em viela e senta com a mãe solo.
E é aí que o discurso começa a tropeçar na prática. Porque não basta dizer que “vai lutar pelas mulheres”. A pergunta é: quais mulheres? As que cabem no networking político? As que se encaixam no padrão moral? Ou as que precisam mesmo — e gritam silenciosamente por representatividade real?
A gestão do General Silva e Luna, que já chega com seu estilo rígido e sua retórica de “ordem e progresso”, agora escolheu para essa pasta uma mulher com histórico forte, sim — mas também controverso. E não adianta tapar o sol com a aba do boné militar: quem vive de imagem, uma hora estoura no flash.
Não duvido da capacidade técnica da secretária. Mas técnica sem sensibilidade é só gestão de planilha. E sensibilidade não se compra com curtida, nem se prova com ONG. Porque quando a mulher periférica procura ajuda, ela não quer saber se a secretária tem pós em Harvard ou se já apertou a mão de senador. Ela quer resposta. Quer rede de apoio. Quer acolhimento sem julgamento.
Agora, pergunto a você mulher que me lê: essa nova liderança te representa? Você se sente segura sabendo que sua dor pode ser tratada por alguém que ainda precisa provar que escuta, antes de falar?
O palco está montado, o script ensaiado. Só falta saber se a plateia vai aplaudir… ou vai levantar e sair no meio da peça.