Elas viajaram de longe.
Vieram para marchar por dignidade, por reparação, por bem viver.
Mas, ao chegarem a Brasília, encontraram baias de cavalos como alojamento.
Não foi erro inocente. Foi símbolo.
E símbolos doem.
Aquele espaço úmido e improvisado dizia mais do que qualquer explicação:
“O lugar de vocês ainda é aqui.”
Revoltada de vir e ser tratada como um animal, disse uma mulher.
E sua voz carregava séculos de cansaço.
Porque quando a violência é simbólica, ela fere a alma antes da pele.
A Marcha seguiu linda, forte, necessária.
Mas a travessia daquela noite revelou o que ainda precisamos enfrentar:
Não basta celebrar mulheres negras na avenida.
Se, nos bastidores, tratam sua dignidade como detalhe.
É por isso que seguimos.
Seguimos denunciando, marchando, existindo.
Porque não nascemos para caber em espaços pequenos
E nunca caberemos.





























