O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou nesta terça-feira (18) uma revisão nos limites dos biomas Cerrado e Mata Atlântica entre os estados de Minas Gerais e São Paulo.
A atualização resultou em um acréscimo de 1,8% no Cerrado e redução de 1,0% na Mata Atlântica.
A área afetada representa aproximadamente 19.869 km² do território brasileiro, sendo 816 km² em Minas Gerais e 19.053 km² em São Paulo. Outros biomas não foram avaliados nesta etapa.
A revisão ocorreu em áreas de contato entre os dois biomas, baseada em critérios técnicos e não em alterações causadas por desmatamento ou reflorestamento.
Segundo o IBGE, a delimitação considerou informações integradas de geologia, geomorfologia, pedologia, vegetação e dados climáticos, além de técnicas avançadas como modelos digitais de elevação.
Publicação de 2019 embasou a revisão atual
O processo de atualização tem origem na publicação “Biomas e Sistema Costeiro Marinho do Brasil”, lançada pelo IBGE em 2019, com compatibilidade em escala de 1 para 250.000, vinte vezes mais detalhada que a anterior.
A partir desse material, especialistas iniciaram uma revisão integrada das áreas dos biomas, com apoio de cinco expedições de campo, direcionadas a regiões que geravam dúvidas entre pesquisadores, órgãos ambientais e organizações da sociedade civil.
Em Minas Gerais, a Mata Atlântica foi ampliada nas proximidades de Belo Horizonte, abrangendo todo o município e áreas ao norte.
Já o Cerrado teve expansão principalmente no centro-norte de São Paulo, estado que possui legislação de proteção específica para o bioma desde 2009.
As áreas inicialmente avaliadas na revisão incluíram o Nordeste Paulista, parte do Triângulo Mineiro e a região da Serra do Espinhaço.
Foram visitados municípios como Sacramento, Uberaba, Fronteira, Planura, São Sebastião do Paraíso, Franca, Barretos, São José do Rio Preto, Ribeirão Preto, Piracicaba, Mococa, Votuporanga, Diamantina, Conceição do Mato Dentro, Belo Horizonte, Florestal e Juatuba.
A maior parte das alterações ocorreu em zonas de transição vegetacional entre Florestas Estacionais e Savanas.
Expedições apontam predominância de savanas ou florestas conforme clima, solo e relevo
A primeira expedição percorreu áreas entre o Nordeste Paulista e o Triângulo Mineiro, onde predominou o ambiente savânico ao norte do Rio Grande, com domínio florestal apenas em áreas de relevo acidentado.
A segunda expedição investigou regiões próximas a Ribeirão Preto e São Sebastião do Paraíso, constatando que períodos secos favoreceram a expansão do Cerrado, enquanto períodos úmidos ampliaram a Mata Atlântica.
A terceira expedição abrangeu o centro-leste de Minas Gerais, na região da Serra do Espinhaço, identificando predomínio florestal em áreas de maior umidade e reinterpretando trechos como pertencentes à Mata Atlântica.
A serra atua como barreira natural, concentrando condições mais úmidas no lado leste.
A quarta expedição percorreu o Noroeste Paulista, onde foi observada predominância de savana florestada, com transição para domínio florestal em áreas dissecadas.
A quinta expedição avaliou trechos do Quadrilátero Ferrífero, Serra do Espinhaço e Depressão do São Francisco, constatando que florestas ocupam áreas mais baixas e dissecadas, enquanto refúgios vegetacionais se concentram em altitudes elevadas, sendo estes incorporados ao Cerrado.
Revisões passarão a ser regulares
Segundo o IBGE, a atualização dos limites deverá ser recorrente, com previsão de novas revisões a cada cinco anos, acompanhando o avanço de pesquisas e novas metodologias de mapeamento.
















