Esses dias, o Hospital Municipal Padre Germano Lauck voltou a receber o selo “UTI Eficiente”, concedido pela Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB) e pela Epimed Solutions.
Esse reconhecimento, baseado em critérios como eficiência assistencial e qualidade dos cuidados críticos, é importante e deve ser registrado. No entanto, é necessário entender que o selo se refere ao desempenho do hospital em 2024, e não à atual gestão.
Valorizar as equipes que ajudaram a conquistar essa certificação é justo — muitos profissionais se dedicaram para oferecer um atendimento digno, mesmo diante de limitações.
Mas precisamos avaliar a realidade como ela é: hoje, o que pesa para a população de Foz do Iguaçu é a fila de mais de 25 mil pessoas aguardando por cirurgias eletivas no SUS, conforme o último Relatório Detalhado do Quadrimestre (RDQ) da Secretaria Municipal de Saúde.
E os dados mais recentes confirmam: em 2025, o Hospital Municipal teve o pior início de ano em internações para procedimentos cirúrgicos desde 2021, ano ainda marcado pelos impactos da pandemia de Covid-19.
Veja os números do DataSUS referentes às internações hospitalares para procedimentos cirúrgicos em janeiro e fevereiro:

- 2019: 962 cirurgias
- 2020: 1.055
- 2021: 955 (pior ano da pandemia)
- 2022: 1.139
- 2023: 1.124
- 2024: 1.346 (melhor marca da série)
- 2025: 958
Ou seja, em 2025, tivemos o segundo pior desempenho dos últimos sete anos — só não foi pior que 2021, em plena crise sanitária global. Comparado com 2024, foram quase 400 cirurgias a menos realizadas no mesmo período.
Enquanto a Prefeitura comemora selos, falta transparência sobre o que está sendo feito para reduzir de forma efetiva essa fila histórica.
Um exemplo positivo vem do Hospital Itamed, que recentemente zerou a fila de procedimentos cardiológicos pelo SUS — prova de que é possível, sim, avançar com gestão, planejamento e prioridade no que importa.
Foz do Iguaçu não precisa só de selo. Precisa de:
- Novas UTIs,
- Mais centros cirúrgicos,
- E, acima de tudo, ação imediata para salvar vidas.
Porque para quem espera por uma cirurgia, a única certificação que importa é a da recuperação em casa.