É do jargão popular dizer que “paciência tem limite”, mas em se tratando de Foz do Iguaçu, parece que a cada gestão nós temos ainda menos deste tal limite. A intenção deste artigo é compreender o que, como e porque deste fenômeno, além de sua relação com o momento atual da nossa cidade.
Foz é uma cidade que cansou de ouvir que é “do futuro”. Aliás, por definição, o futuro sempre está em um tempo e espaço hipotéticos: é um amanhã que nunca chega. Um bom amigo costumava dizer que buscar o ideal é como correr em direção ao horizonte: quanto mais corremos, mais ele se afasta. Pois bem, parece que vivemos essa mesma metáfora por aqui.
Nossa cidade cansou de ouvir promessas. Promessas cansam. Viver delas, mais do que cansar, corrói a esperança. Não se pode culpar as pessoas por se desiludirem, quando o engano se tornou rotina. Até hoje, o “futuro promissor” de Foz nunca bateu à nossa porta.
Mas, falando do presente que é o único tempo real, além das promessas, também se tornou difícil enxergar a construção concreta de qualquer futuro. A atual gestão vive, indubitavelmente, uma crise.
Algo ensinado em qualquer estrutura hierárquica séria, seja nas Forças Armadas, seja nas grandes corporações ou entre grandes CEOs, é que ignorar crises não as elimina. Apenas as aprofunda.
São apenas dez meses de gestão, mas já se somam incontáveis cargos de primeiro e segundo escalão trocados, praticamente todos após graves problemas, quando não escândalos. Aqui elenco alguns: secretário exonerado por agressão doméstica; secretário afastado, em parte, pelo trabalho muito limitado e, em parte, por utilizar automóvel público para ir a cassinos; secretária exonerada por abafar agressão contra mulher; diretora nomeada que, por ser militante da extrema-esquerda, chamou o então candidato a prefeito de criminoso durante a campanha; diretora que fazia aulas de artesanato durante o expediente. São apenas alguns exemplos. Fosse citar todos, precisaríamos de outra coluna exclusivamente para isso.
Agora, a gestão vive uma crise com a base governista na Câmara Municipal. Até aí, nada de novo, tudo isso faz parte do sistema democrático republicano. Mas uma coisa fica sempre muito clara: a responsabilidade é sempre dos outros, seja lá quem forem esses “outros”. Sempre se levanta a justificativa de um “complô” de interesses contrários.
Serei franco: é assim que sempre funcionou a política. Quem ganha a disputa precisa saber que não é unanimidade. Sempre haverá quem discorde completamente de tudo que você diz e faz, e é justamente isso que mantém o jogo democrático.
Lidar com isso é condição sine qua non para quem está na vida pública. Desculpas não mudam fatos, tampouco transformam a realidade da cidade e do cidadão.
Ao fim e ao cabo, a população reclama e critica por um motivo simples, mas que passa longe dos olhos da classe política: a população vive no mundo real. Fora de qualquer peça publicitária, o povo sofre com a falta de médicos, com um hospital em situação precária, com inundações, buracos nas ruas, criminalidade e sensação de insegurança tomando conta do espaço urbano — isso para citar apenas algumas das reivindicações.
No fim das contas, o que o povo quer saber é quando o tal futuro se concretizará no presente. Quando deixará de ser promessa para se tornar algo tangível, ao alcance dos olhos. Quando sairemos do mundo das propagandas para uma realidade construída no dia a dia.
A população tem todo o direito de cobrar, assim como as autoridades políticas têm o dever de prestar contas e, principalmente, entregar resultados.




































