Dados do Indicador de Alfabetismo Funcional (Inaf), divulgados na última segunda-feira (5), revelam que 29% dos brasileiros entre 15 e 64 anos permanecem no nível de analfabetismo funcional – mesmo percentual registrado em 2018.
Isso significa que aproximadamente três em cada dez pessoas nessa faixa etária têm dificuldade para compreender frases simples ou identificar informações numéricas básicas, como preços e telefones.
Avanço preocupante entre jovens
O estudo, realizado entre dezembro de 2024 e fevereiro de 2025 com 2.554 entrevistados (margem de erro de 2 a 3 pontos percentuais, com 95% de confiança), mostra que a taxa de analfabetismo funcional entre jovens de 15 a 29 anos subiu de 14% (2018) para 16% (2024).
Especialistas apontam que o fechamento prolongado de escolas durante a pandemia pode ter agravado o problema nessa faixa etária.
Desigualdades estruturais
A pesquisa classifica a população em quatro níveis de alfabetismo:
- 29% → Analfabetismo funcional (leitura e escrita muito limitadas)
- 36% → Nível elementar (compreensão de textos curtos)
- 35% → Alfabetismo consolidado (intermediário e proficiente). Desse total, apenas 10% atingem o nível proficiente (domínio pleno de leitura e interpretação).
Diferenças por perfil socioeconômico:
- Trabalhadores: 27% são analfabetos funcionais.
- Universitários: 12% enfrentam o mesmo problema.
Raça/cor:
- Brancos: 28%
- Negros: 30%
- Amarelos e indígenas: 47% (apenas 19% com alfabetismo consolidado).
Chamado à ação
Os resultados reforçam a necessidade de políticas públicas direcionadas, especialmente para reduzir disparidades regionais, raciais e geracionais. A estagnação dos índices desde 2018 sugere que medidas adicionais são urgentes para reverter o quadro.