Há um sentimento coletivo de insatisfação, é inegável. Acredito que até a própria gestão já percebeu. Apenas alguém completamente desligado da realidade deixaria de notar o “clima” que se instalou na cidade.
Falo com a tranquilidade de quem nunca se dispôs a fazer chicana contra a atual administração, nem recorreu a subterfúgios pessoais para justificar críticas.
Não entro no mérito de quem se vale desse repertório; apenas afirmo que não faz parte da minha caixa de ferramentas. Cada um usa aquilo que tem.
Contudo, jamais me ausentei de criticar e apontar erros evidentes, às vezes até crassos. Ponderação não é neutralidade, é cautela. Mas é impossível negar que a gestão mal concluiu o primeiro ano e já se vê envolta em crises sucessivas: com os servidores, com a Câmara Municipal e, sobretudo, com a população.
A segurança pública vive um verdadeiro caos. A sensação de insegurança reina e qualquer morador pode atestar isso.
Todos os dias, multiplicam-se notícias sobre furtos em casas, estabelecimentos comerciais e veículos em via pública — crimes cometidos sem qualquer pudor. Em certos momentos, parece que os criminosos se sentem mais seguros que o cidadão honesto e pagador de impostos, que tenta apenas viver sua vida honestamente.
A saúde, assim como a segurança, tornou-se uma das maiores chagas da cidade. É frequente, e lamentável, o número de casos absurdos que chegam ao conhecimento público.
Além das filas intermináveis, situações de erro e negligência se repetem, com episódios de óbitos que poderiam ter sido evitados. Até o básico, como limpeza e manutenção dos espaços de atendimento, sucumbe ao descalabro. Num lugar onde as pessoas deveriam encontrar acolhimento, encontram mais tragédia.
Outro problema da gestão é… a própria gestão. A dificuldade hercúlea de dialogar com os diversos setores da administração pública tornou-se evidente.
Vão de pequenos conflitos e desentendimentos a enfrentamentos diretos com sindicatos fortes, como o dos professores.
Além disso, a gestão não tem conseguido apresentar pautas concretas para construir consensos mínimos na Câmara, muito menos estabelecer uma base política razoável.
Essa dificuldade, porém, já era previsível, dadas as características pessoais e o histórico profissional do núcleo duro da administração: uma hierarquia rígida, quase intransigente, e uma forma de condução onde o comando é mais vertical do que dialogado.
Independentemente das preferências pessoais, o fato é que a administração pública, sobretudo no Brasil, não funciona assim. É preciso jogo de cintura, flexibilidade e capacidade real de diálogo.
Minha intenção não é atacar por atacar, nem disputar protagonismo no território das críticas. O que desejo, como cidadão que vive esta cidade — e que pretende continuar — é que ela cresça, melhore, se desenvolva.
A desculpa de que “é tudo culpa da gestão passada” não serve mais. Sim, a gestão passada foi repudiada pela opinião pública e deixou diversos problemas, mas isso pouco importa. Político algum é obrigado a disputar eleição, o fazem porque querem.
Quando eleitos, recebem muito bem para apresentarem soluções. O cidadão não precisa pagar uma fortuna para que alguém diga “a culpa é de Fulano”, sendo que ele já sabia da culpa, e de graça.
Não pretendo ser um mensageiro do apocalipse. Meu objetivo é chamar atenção para a realidade e dizer: algo precisa ser feito. A população não pode mais se sentir à deriva. É urgente um choque de realidade na gestão.
Precisam sair das teorias de gabinete e olhar pra vida real. Os problemas se acumulam, a insatisfação aumenta exponencialmente. Mesmo quem outrora apoiou ou votou, hoje se diz arrependido.
Que o governo compreenda que governar não é impor — é ouvir. E que, acima de tudo, a população volte a sentir que alguém está no comando.






































