Os indicadores educacionais do Brasil registraram avanços importantes em 2024, especialmente na educação infantil, mas ainda longe do cumprimento das metas previstas no Plano Nacional de Educação, cuja vigência termina em dezembro de 2025.
Os dados integram a edição mais recente da Síntese de Indicadores Sociais, estudo do IBGE que analisou condições de vida e evolução educacional no país.
Primeira infância segue longe da meta nacional
Na faixa de 0 a 3 anos, a taxa de frequência escolar bruta atingiu 39,7% em 2024, crescimento de mais de 9 pontos percentuais desde 2016.
Entre crianças de 4 e 5 anos, o índice chegou a 93,5%, avanço de 3,5 pontos no mesmo período. Ainda assim, os números permanecem abaixo da Meta 1 do PNE, que prevê universalização da pré-escola e, no mínimo, 50% de cobertura para crianças menores de 3 anos.
O estudo também destaca desigualdades regionais: no grupo de 0 a 3 anos, a Região Sudeste ultrapassou a Sul e registrou o maior índice do país, enquanto a Região Norte permanece com os menores percentuais.
Cresceu ainda a proporção de famílias que afirmam não matricular crianças pequenas por opção, 59,9% no grupo de 0 a 3 anos e 48,1% no de 4 e 5 anos, além de relatos de falta de vagas e ausência de escolas na região.
Alunos do ensino fundamental enfrentam atraso escolar
No ensino fundamental, a taxa de adequação idade-etapa (TAFEL) ainda não retornou ao patamar anterior à pandemia.
Entre estudantes de 6 a 14 anos, o índice estacionou em 94,6% em 2024, abaixo da Meta 2 do PNE, de 95%.
A maior queda ocorreu entre os anos iniciais: crianças de 6 a 10 anos passaram de 95,7% de adequação em 2019 para 90,7% em 2024, acompanhada do aumento de estudantes fora da etapa correta.
Ensino médio e superior também ficam abaixo das metas
Entre jovens de 15 a 17 anos, a frequência escolar bruta chegou a 93,5% em 2024, mas a universalização prevista na Meta 3 não foi atingida.
Na mesma faixa etária, a TAFEL do ensino médio alcançou 76,8%, ainda distante dos 85% almejados.
No ensino superior, 27,3% das pessoas de 18 a 24 anos estavam matriculadas em 2024, abaixo da Meta 12, que prevê 33%.
O estudo evidencia desigualdades persistentes: mulheres brancas apresentam os maiores índices de adequação escolar, enquanto homens pretos e pardos registram os menores.
Jovens deixam a escola antes de concluir o ensino médio
O país tinha cerca de 8,5 milhões de jovens de 15 a 29 anos fora da escola sem concluir o ensino médio em 2024. A maior parte está entre 18 e 24 anos.
Entre mulheres, gravidez e divisão desigual dos cuidados representam mais de 30% dos motivos para abandono; entre homens, a necessidade de trabalhar aparece em mais de 50% das respostas.
Predomínio da rede pública e discrepâncias no ensino superior
A rede pública continua responsável pela maior parte das matrículas na educação básica: 82,2% na educação infantil, 75,2% no ensino fundamental e 86,5% no ensino médio. No ensino superior, porém, 74% dos estudantes estão na rede privada.
Mesmo dentro da rede pública, a desigualdade econômica é marcante: no ensino superior, apenas 12% dos estudantes pertencem ao grupo de menor renda, enquanto os de maior rendimento somam 28%.
Analfabetismo ainda expressa desigualdades regionais e sociais
A taxa de analfabetismo do país foi de 5,3% em 2024, mas chegou a 11,1% na Região Nordeste. Alagoas (14,2%) e Piauí (13,8%) tiveram os maiores índices. Entre pessoas de maior renda, o analfabetismo não ultrapassa 1% até os 49 anos; nas camadas mais pobres, chega a 33,5% entre os idosos.
Anos de estudo se aproximam da meta nacional
A média de anos de estudo entre jovens de 18 a 29 anos foi de 11,9 em 2024, muito próxima dos 12 anos previstos pela Meta 8 do PNE.
Ainda assim, desigualdades persistem: entre jovens com menor renda, apenas 55% atingiram 12 anos de estudo, enquanto no grupo de maior rendimento o percentual chega a 91,9%.

















