Toda a internet, e quando digo toda, é toda mesmo, parou para assistir a um vídeo que não deveria nem existir, mas que, infelizmente, precisa. Um grito, um soco no estômago, um puxão de orelha coletivo.
Foi o youtuber paranaense Felca que resolveu meter a mão nesse vespeiro e jogar luz sobre o que muitos fingem não ver: a adultização, a sexualização e a exploração de crianças nas redes sociais.
Entre ironias afiadas e dados brutais, o vídeo desmonta, tijolo por tijolo, o castelo imundo erguido por produtores de conteúdo como Hytalo Santos, mães que transformam filhas em mercadoria e uma multidão de predadores que navegam no Instagram como se fosse a praça de alimentação de um shopping, escolhendo vítimas pelo cardápio de vídeos recomendados.
Não tem como sair ileso. A gente começa rindo da acidez do Felca e termina com o coração pesado, a mente em fúria e aquela pergunta que ecoa como sirene: “Como isso acontece à vista de todo mundo?”.
O vídeo expõe casos como o de Camilinha, que entrou nesse circo aos 12 anos e cresceu no palco da perversão pública, e o de Caroline Dreher, cuja própria mãe administrava a venda de conteúdos explícitos da filha de apenas 14 anos para grupos de pedófilos.
É um mergulho no esgoto que corre embaixo da internet que usamos todos os dias.
Mas o mais assustador não é só o que esses criminosos fazem. É que tudo está acontecendo aqui, agora, na superfície, sem precisar de deep web, senha secreta ou link suspeito.
O algoritmo não só sabe, como entrega, estimula e monetiza. E enquanto isso, pais, mães e plataformas fazem vista grossa.
O vídeo do Felca não é entretenimento. É denúncia. É alerta. É incômodo necessário. É aquele tipo de conteúdo que você gostaria de não precisar assistir, mas que, se todo mundo fechasse os olhos, mais crianças perderiam a infância, a segurança e, muitas vezes, a própria vida.
Felca fez o que muitos não têm coragem: gritou. Agora, ou a gente escuta, ou a gente compactua.