Às vezes, os sonhos morrem antes de terem nome.
A Afroteca era um desses sonhos feita de livros escolhidos com carinho, jogos que abraçariam as crianças e histórias capazes de abrir janelas para mundos que sempre nos foram negados. Estava tudo ali, quase ao alcance das mãos.
Uma oportunidade real de construir um espaço de memória, afeto e futuro.
Mas o problema nunca é o sonho. É o que fazem com ele.
De repente, o projeto que deveria ser simples, bonito e coletivo virou disputa.
Surgiram exigências desproporcionais, caminhos que não fechavam, decisões que não combinavam com o discurso de união. Falar de coletivo é fácil; praticar é outra história.
O que era para ser uma construção compartilhada foi se tornando uma divisão de interesses.
A matemática não fazia sentido. O propósito foi ficando para trás enquanto certos pesos aumentavam do lado errado da balança. E assim, a Afroteca não nasceu.
Não por falta de amor, nem de planejamento, nem de futuro.
Não nasceu porque a ganância sempre escondida atrás de palavras bonitas sufocou o que deveria ser para todos.
Ainda assim, sigo acreditando: a Afroteca vai existir.
Porque ideias honestas encontram caminhos.
E porque ancestralidade não se negocia, não se divide por porcentagem, não se vende por vaidade.
Um dia, ela nasce. No lugar certo, com as pessoas certas e pelo motivo certo.
A ancestralidade observa: só floresce o que é plantado com ética.





























