A escola é um dos poucos lugares onde as máscaras começam a se desfazer sem espetáculo. Antes que a ignorância escorra pelas redes, ela aparece nas pequenas frases trazidas de casa, nos gestos repetidos sem reflexão, nas perguntas que as crianças fazem com uma sinceridade que desmonta qualquer discurso pronto.
É no ambiente escolar que o racismo simbólico se manifesta com sutileza, mas também é ali que ele pode ser transformado, não pela imposição, mas pela convivência. A cada leitura, a cada história contada com respeito, a cada personagem negro apresentado com dignidade, a palavra abre caminhos silenciosos.
A arte ensina a enxergar. A escola ensina a compreender.
Quando uma criança descobre que seu cabelo é bonito, que sua pele tem valor, que sua história merece ser contada, o mundo se reorganiza um pouco. E essa transformação não acontece no tempo apressado das redes sociais, mas no ritmo lento e sábio das experiências cotidianas.
Na escola, consciência não é só discurso. É prática.
Está na escolha dos livros, na postura dos educadores, nas conversas que nascem espontâneas no recreio.
Está na forma como ensinamos que piadas podem ferir, que comparação não é inocente, que tinta não é fantasia.
A educação é, então, o espaço onde a denúncia encontra abrigo para virar mudança. Onde a palavra crítica se transforma em palavra de cuidado. Onde a sociedade do futuro aprende a não repetir o que o passado nos deixou de mais doloroso.
E talvez seja por isso que escrevo. Para que a palavra que denuncia encontre, na escola, a palavra que educa. E juntas, sem pressa, escorram rumo a um mundo mais justo.



























