Quando uma mulher quer auxiliar outras mulheres, ela não ensina a vitimizar-se. Ela não resume a realidade feminina às vulnerabilidades.
Nesta semana, tive acesso a um vídeo em que uma mulher, hoje ocupando posição de destaque na defesa das pautas femininas, demonstrava preocupação com aquelas que não têm um carro de luxo ou uma casa confortável. Em sua fala, sugeria que estar em um ponto de ônibus seria, por si só, sinal de vulnerabilidade.
Falo com o olhar de quem cresceu com pouco, mas aprendeu muito. Venho de uma família simples, em que os banheiros eram de patente e era preciso andar quatro ou cinco quadras para pegar o ônibus. Naquele tempo, a palavra “vulnerabilidade” nem sequer era citada.
Ser vulnerável, atualmente, não está relacionado exclusivamente à falta de bens materiais. A verdadeira vulnerabilidade está em não saber ler, não saber escrever, em permanecer presa a um relacionamento por não enxergar uma saída, em não ter uma profissão, não ter um propósito, não saber posicionar-se diante da vida.
Vivemos, muitas vezes, o que aceitamos viver.
Auxiliar mulheres é instruir, é despertar consciência, é mostrar caminhos. Mesmo diante de um cenário sem solução aparente, sempre há uma possibilidade. A vulnerabilidade não está em não ter; está em não saber que é possível construir, mudar, recomeçar.
Ajudar mulheres é lembrá-las de que são capazes. É usar a comunicação, a posição ou o cargo — seja ele qual for — para incentivá-las a buscar conhecimento e propósito.
Sim, é possível ter uma casa confortável e um carro. Mas isso começa com um posicionamento firme, com a escolha de colocar-se em primeiro lugar. E, quando isso acontece, a conquista deixa de ser um sonho distante para se tornar realidade.
Esse é o propósito: dar voz a histórias reais de superação para inspirar outras mulheres a reconhecerem sua força.
Porque, no fim, é sempre uma escolha: permitir-se quebrar como um cristal diante das dificuldades ou tornar-se forte como uma rocha, capaz de sustentar sua própria história.